Educafro parte para o ataque e denuncia omissão da CBF e da Conmebol em ação milionária por racismo no futebol

Educafro parte para o ataque e denuncia omissão da CBF e da Conmebol em ação milionária por racismo no futebol

A luta antirracista acaba de ganhar um novo capítulo, e dos mais contundentes. A Educafro Brasil, organização de referência na promoção da igualdade racial, moveu uma ação civil pública contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), denunciando a conivência e a omissão das entidades diante do racismo que persiste nos campos sul-americanos.

A iniciativa não é apenas uma reação — é um manifesto contra o silêncio institucional e a falta de compromisso com o combate ao racismo no futebol. A Educafro exige uma indenização de R$ 750 milhões, valor que deve ser destinado ao fundo de reconstituição de bens lesados, como forma de reparação coletiva à comunidade afro-brasileira.

Segundo Sandro Luis Silva Santos, coordenador jurídico da Educafro Brasil, a entidade não irá se curvar nem aceitar passivamente os ataques racistas que se tornaram comuns nos bastidores do futebol sul-americano. “A Educafro se recusa a se reprimir perante o racismo. O que vemos é um padrão de omissão repetido, uma tolerância vergonhosa ao preconceito, tanto nos estádios quanto nas estruturas que deveriam combatê-lo”, afirma.

A ação jurídica faz referência a episódios emblemáticos, como o caso recente de Luighi Hanri Sousa Santos, jogador do time sub-20 do Palmeiras, alvo de insultos racistas grotescos por parte de um torcedor do Cerro Porteño, durante uma partida da Libertadores Sub-20. A partida foi transmitida ao vivo e as imagens mostraram o agressor imitando um macaco nas arquibancadas. A punição imposta? Uma multa de apenas US$ 50 mil e alguns jogos com portões fechados — um gesto considerado simbólico e ineficaz diante da gravidade do ato.

Para o diretor executivo da ONG, Frei David Santos OFM, a CBF tem se mantido omissa e negligente. “O racismo tem sido sistemático, recorrente e tolerado. A CBF lava as mãos e se omite em qualificar e liderar o combate antirracista. E quando se cala diante dos erros da Conmebol, torna-se cúmplice”, destaca.

A Educafro também denuncia a postura da Conmebol, que não apenas falha em punir com rigor os casos de racismo, mas ainda protagoniza episódios lamentáveis. Durante um sorteio de competições, o presidente Alejandro Domínguez fez uma declaração considerada racista ao dizer que “uma Libertadores sem brasileiros é como Tarzan sem Chita”. A frase foi duramente criticada por reforçar estereótipos e escancarar a falta de sensibilidade e respeito da entidade diante da pauta antirracista.

Mais do que uma ação judicial, a ofensiva da Educafro é um grito por justiça. Um pedido urgente para que as estruturas esportivas da América do Sul se comprometam, de fato, com o combate ao racismo. A ONG quer responsabilização real, não discursos vazios ou gestos simbólicos. É hora de virar o jogo e exigir respeito dentro e fora de campo.

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